Mural de saudades, lembranças e canções

Está chovendo lá fora, mas o frio aqui dentro ultrapassa minha pele, toca a alma. E na inocência de poder te sentir, fecho os olhos. E por alguns segundos consigo sentir teu calor. Tolice minha, por que não consigo transformar frações de segundos em minutos, que poderiam durar horas, dias, meses, anos, uma vida, a nossa vida! Como dói quando o frio toca a alma, deixa um vazio sufocante... A chuva deve ser as lágrimas dos céus, que veem a minha dor. Lágrimas por verem como sou irreal sem a tua presença. Quero ir pra casa e dormir até te esquecer, se for possível e justo, afinal, não tenho mais notícias suas. E injusto, afinal prometemos nunca dizer adeus. O barulho da chuva nas ruas me lembra quando você fazia chocolate quente pra mim e depois me abraçava no sofá até eu dormir. Que saudades, meu Deus! Que saudades! Lembrar não dói. O que dói é saber que você partiu - e não vem mais. Partiu-se meu coração. Partiu-se as promessas de futuro. Partiu-se minha alegria. Partiu. Partiu futuro e passado. E tanto que pedi pra você não ir. Tanto que rezei pra você voltar. Volta! Volta e a chuva para. Volta e o sol nasce. Volta e a primavera aparece. Volta, que volta também meu coração, nosso futuro, minha alegria. Volta e costura passado e futuro. Tanto que eu pedi... Vejo o nascer e o pôr-do-sol, vou contando-os até te encontrar outro dia, noutro lugar. E nada que eu vejo me tira desse beco sem saída. O vazio que ganhei quando te perdi. E agora o frio está congelando meu mundo e assim vou viver de recordações... Não posso perder o que me sobra, as sobras de uma história que foi construída entre você e eu. O frio vai transformar o vazio num mural de saudades, lembranças e canções, que estou fazendo pra você toda vez que chove...