Hoje abri aquela caixinha onde guardo os nossos segredos, faz tempo que não a visitava por puro medo. Encontrei lá dentro, restos de nós dois. Reli as tuas cartas, aquelas que falavam do teu amor, onde descrevias a tua paixão por mim e por um momento incendiei por dentro.
Depois encontrei aquele desenho... Quando desenhaste um coração e escreveste o nosso nome em letras enormes e assim, o coração que bate dentro do meu peito, bateu insatisfeito. Remexi ainda mais na caixinha e achei uma flor, aquela que tu me deste quando me disseste pela primeira vez “eu amo-te” e descobri que ela secou, por pura falta de amor. Depois bem lá no fundo encontrei perdido aquele coração partido que andava pendurado no meu pescoço, pensei então na outra metade, onde andaria? Será que ela ainda existia?
Achei também aquela mensagem que dizias que a vida sem mim, não tinha sentido, em que nada valia a pena no dia que não falávamos, lembrei-me do teu sorriso quando me encontraste, eu amei esse sorriso! O sorriso que jamais esquecerei. Também achei um bilhete a pedires desculpas por um momento de tensão e lembrei-me que te dei esse perdão com a maior emoção. Em seguida achei um papel com aquela canção que tu cantavas para mim antes de adormecer, aí delirei de prazer por ti. A letra dessa música que quando ouvíamos, dizias-me que seria a nossa canção e eu cantei-a baixinho por um breve minuto. Depois de já estar com o coração estraçalhado, achei aquele e-mail que tu me enviaste a falar do fim, que tinha acabado que estava tudo terminado. Poucas linhas, rápidas palavras, como se a nossa história tivesse sido transitória.
Ardi de dor, enterrei-me na saudade, depois tranquei a caixinha e parti para a minha realidade fingindo a todos não viver na agonia, mas na verdade o que eu queria era morar dentro daquela caixinha, junto com o meu coração que já vive lá, afinal desde que tu me deixaste foi o único lugar que ele encontrou para continuar a bater.